Desafio 21: Trilha Sonora

O cinema nunca foi "totalmente" mudo. Só não havia um método eficiente de sincronizar o som à imagem, mas som, sempre teve. É quase que instintivo, natural, do homem associar som à imagens e vice-versa. No cinema, só imagem ou só som causavam estranhamento, e assim como hoje, causa-nos desconforto assistir a uma projeção muda, a não que seja pelo interesse histórico. Acompanhar imagens sem música é incômodo, mas, que fique claro, isso não se justifica pelo costume que hoje temos em assistir filmes sonoros, televisão ou teatro. O mesmo ocorreu no cinema, desde sua criação pelos irmãos Lumière em 1895. O fato é que o som no cinema sempre foi importante, enfatizando, criando ou até redundando climas narrativos na imagem. No cinema mudo, havia um pianista nas salas de concerto encarregado de criar estes climas nas cenas, improvisando sobre um repertório próprio conforme sentia as imagens, e que geralmente cumpriam uma função meramente ilustrativa. Nas salas mais afortunadas podíamos até encontrar orquestras inteiras tocando, muitas vezes com partituras originais para o filme.

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Assim, aos poucos, a trilha sonora começou a ganhar forma. A trilha dos anos 40 era extremamente eloqüente, digna de poemas sinfônicos à la Richard Strauss, de caráter naturalmente épico. O final da década 40 caracterizou o domínio da trilha em função do gênero. Os filmes noir, os suspenses e os romances são ambientados musicalmente de formas mais sutis. Nos anos 50, esta sutileza chega ao extremo: Algumas trilhas encaixam tão bem no espírito de um filme que o diretor "adota" o compositor oficialmente em todas as suas produções. Esta prática já era natural para o cinema europeu, mas que os americanos só perceberam quando abriram espaço para filmes de autor. Então caminham lado a lado, a história e a música.

Os anos 60 trazem a música popular como trilha sonora, o que nunca havia acontecido antes. Poderiam haver canções compostas para o filme, mas sempre o clima era destacado por uma partitura orquestral. Os anos 60 desmontam esta praxe, colocando a música orquestral apenas em determinadas funções subjacentes, e então começa o reinado dos compositores "populares", ou aqueles que criam tanto formas orquestrais para alguns momentos como também suaves e cativantes melodias, que, a exemplo da ópera, nos fazem sair do cinema cantarolando o tema.

Aos poucos as canções foram tomando o lugar da música sinfônica, e nos anos 70 explodiu com musicais como Hair, Jesus Christ Superstar, descendentes de West Side Story, mas com a música pop e o rock'n roll pontuando a ação do filme. Os anos 70 e 80 praticamente exploraram toda a vertente pop da música, até como clima subjacente, devolvendo, no final dos 80, com filmes como Amadeus e ET, a partitura orquestral à narrativa do cinema, concomitante à música pop e à canção-tema do filme. Assim, ambas coexistem em muitas produções, mas cuja necessidade estética varia de filme para filme.

Por Filipe Salles
mais em: Menemo Cine

Se nossa gincana fosse um filme, qual seria a sua Ttrilha Sonora?



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